domingo, 30 de janeiro de 2011

Considerações sobre uma vida


Andando pelas ruas sente-se nostálgico, relembra tudo o que já fez parte de sua vida. Ri de situações que antes o faziam chorar, chora por momentos que o faziam rir, mas hoje já não existem mais. Em cada rua que percorre, em cada esquina, revive pessoas, sentimentos que jamais esquecerá.

Ele aprendeu que o tempo é a cura para toda e qualquer dor. Hoje, sente-se feliz consigo mesmo, pois conseguiu perdoar as pessoas e perdoar a si mesmo pelas suas falhas. Mais feliz ainda sente-se quando tem a certeza de que muitos o amam. Esboça um singelo sorriso acompanhado por uma leve emoção que enche seus olhos de lágrimas quando pensa nos que se foram. Tenham eles partido para perto de Deus ou por terem seguido outra estrada, nada é substituível e cada um deixou sua marca.

Hoje, reconhece seu valor, não implora amor... apenas oferece tudo de melhor para fazer os outros felizes. Espera, sim, de volta uma consideração, por pequena que seja, pois sempre é bom ver que suas atitudes repercutem positivamente na vida das pessoas. Nem sempre é assim, mas ele não fica chateado, sabe que cada um ama da maneira que pode e com a intensidade que acha correto. Não há como mudar isso. Sentimentos não se imploram, se conquistam.

Além disso, ele aceitou sua condição de imperfeito bem intencionado que muda de opinião, em busca da excelência e do bem comum. Ele, essa terceira pessoa, esse sujeito indeterminado, anda por ai, vive como se não houvesse amanhã e está feliz. Com o passar do tempo, mudanças vão ocorrer, novas conquistas, alegrias e tristezas, e assim a vida seguirá. A sensação nostálgica e saudosista não o abandonará, pois tudo o que falou, fez ou demonstrou até hoje foi de uma sinceridade absoluta. Amou muito, conquistou e foi conquistado. E tudo está guardado dentro do seu coração.

Por que ele fez esse desabafo? Nem ele sabe explicar. Determinadas perguntas não o cabe mais fazer. Mas, sabe que o relógio está correndo, a vida continua. Vida essa que segue um roteiro, que só pode ser escrito por ele próprio.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Faltam bom senso e organização em Itaipava

Voluntários recebem doações no Ciep de Itaipava | Foto: R7

As chuvas que devastaram a região serrana do Rio deixaram até o momento cerca de 650 mortos e 13 mil pessoas sem um teto. No último sábado, estive junto com alguns amigos no Ciep de Itaipava para levar roupas, sapatos, alimentos, produtos de higiene e para auxiliar, como voluntário, na triagem de todas as doações que não paravam de chegar.

A quantidade de roupa doada é, sem dúvida, muito grande. E conforme elas vão sendo separadas, carros e vans são abastecidos e seguem para as regiões onde ainda existem pessoas ilhadas. No entanto, como qualquer trabalho que envolva muitas pessoas sem regimento ou uma coordenação eficiente, pude constatar situações que não deveriam acontecer. Sapatos doados foram jogados no chão, formando uma pilha onde os pares não eram mais encontrados. A desorganização chegou ao ponto de voluntários cercarem o espaço para poderem procurar e separar os calçados.

Outro ponto relevante é a perda de roupas e alimentos para pessoas que não precisam dessa doação. Pois é, estão ocorrendo “furtos” de doações por pessoas que não foram atingidas pela tragédia na região. Como controlar? Há pessoas que estão cadastrando as famílias, para que possam receber os donativos, porém a quantidade de gente é enorme e não existe tempo viável para o cadastramento de todos.

Acerca dos donativos, ainda faltam alimentos e produtos de higiene. Leite para as crianças e roupas íntimas, que também estão em falta. Falando nisso, é fundamental que as roupas estejam em condições de uso. Na minha separação encontrei cuecas sujas e calcinhas rasgadas, além de roupas muito velhas e também sujas. Bom senso é a chave para que todo o processo tenha um fluxo satisfatório. Não dá para perder tempo com detalhes que não deveriam acontecer.

Um fato positivo e digno de aplausos foi a colaboração de pessoas influentes na mídia como o jogador Petkovic, que entre uma foto e outra acompanhava o trabalho dos voluntários. Quem também marcou presença em Itaipava e prestou sua solidariedade foi a atriz e apresentadora Fiorella Mattheis, acompanhada do namorado, o judoca e medalhista olímpico Flávio Canto, que coordenou muito bem diversos voluntários.

O dia terminou com chuva e com a notícia de mais um deslizamento na localidade do Brejal, onde mais pessoas teriam sido soterradas. Aos poucos os voluntários caminhavam para as suas casas e no resto da noite um número reduzido de pessoas trabalhava no local. Mais um dia, mais uma chuva, mais trabalho. Assim caminha a atual serra fluminense.