domingo, 24 de julho de 2011

Esse é o nosso mundo "civilizado"

O que você vai ver abaixo é o reflexo de uma sociedade que está, cada vez mais, se perdendo em valores fúteis em meio a triste realidade que nos assola. Os problemas do mundo estão batendo na porta. A busca pela desenvolvimento econômico tem o seu lado obscuro, que muitos ainda insistem em ignorar.

Somália enfrenta a pior seca dos últimos 50 anos







Enquanto alguns morrem de fome, outros...



Até quando?

domingo, 3 de julho de 2011

Está na hora de acabar com a hipocrisia


Maconha, craque, cocaína e heroína. Essas são algumas das drogas mais consumidas no Brasil e no mundo e as que causam maiores problemas para os sistemas públicos de saúde e de segurança. Políticos, usuários e sociedade entram em uma discussão que precisa ser levada a sério: descriminalizar ou não o uso das drogas? A questão precisa ser abordada sem preconceitos e com a consciência de que é preciso alguma mudança que acabe com o narcotráfico, o grande causador dos conflitos urbanos. Declarar guerra contra esses entorpecentes não tem causado resultados satisfatórios, pelo contrário, abastece o crime organizado e custa bilhões, sem contar as inúmeras vidas que são perdidas diariamente.

No último mês estreou o documentário Quebrando o Tabu, dirigido por Fernando Grostein Andrade e com o sociólogo, e ex-presidente da república, Fernando Henrique Cardoso, como âncora no debate sobre os rumos necessários para que o Brasil comece a se livrar desse antigo problema. Bill Clinton, Jimmy Carter, Drauzio Varella, Paulo Coelho, entre outras figuras emblemáticas, traçam um panorama e exploram os problemas ocorridos nesses 50 anos de política antidrogas. Só quem convive no centro do problema consegue enfrentar, sem hipocrisia, o que o governo reluta em assumir: está na hora de uma abordagem mais humana e afetiva, com ações de educação e saúde.

A maconha é a droga mais usada por jovens, é a porta de entrada para os outros tipos de experimentações como a da cocaína e a do craque. No ranking das drogas mais danosas ao organismo, a maconha aparece em 11º lugar, atrás da cocaína, do álcool e do tabaco. Voltando um pouquinho ao passado, em 1920, os Estados Unidos declararam guerra contra as bebidas. A proibição da fabricação, venda, troca, transporte, importação, exportação, distribuição, posse e consumo de bebida alcoólica ocasionou em conflitos e foi considerada por muitos como um desastre para a saúde púbica e a economia americana.

Mais recentemente, nos anos 70, o centro das discussões era o fumo. O consumo do tabaco transformou-se em uma indústria poderosa, alvo de investimentos de empresas poderosas, chegando a gerar em um ano cerca de 97 milhões de dólares. Ainda dentro dos altos investimentos, dessa vez no cinema e na mídia em geral, o cigarro passou a significar status, glamour, luxuosidade e poder. Apenas após a consciência dos malefícios causados pelo fumo e as consequentes políticas públicas de informação e educação, além das leis que regulam a fabricação, a propaganda e o consumo, hoje, o Brasil já viu o número de fumantes cair em 56% nos últimos 10 anos.

É utopia imaginar um mundo sem drogas. Desde antes de Cristo elas existem e foram utilizadas por diferentes sociedades históricas. O que precisa ser feito, então, é traçar diretrizes que combatam os efeitos das drogas nas pessoas. Alguns países da Europa já possuem métodos eficazes contra os problemas causados pelos entorpecentes. Na Holanda, as drogas são divididas entre leves e pesadas, com isso é possível encontrar maconha nos chamados coffeeshops e em alguns clubes para jovens, de maneira controlada, fazendo com que os usuários se distanciassem do mercado negro, diminuindo consideravelmente a violência causada pelo tráfico.

Em 2001, Portugal deu um grande passo nessa luta e descriminalizou o uso de todos os tipos de drogas. "Eles o fizeram por uma única razão: estavam muito preocupados com as altas taxas de abuso nos anos 90 – mais especificamente com a heróina - então chegaram à conclusão de que descriminalizar era o único caminho para baixar as taxas de abuso", diz o jornalista e comentarista político Glen Greenwald, que escreveu um relatório sobre os oito anos de descriminalização em Portugal para o Instituto CATO dos Estados Unidos.

Portugal optou pela descriminalização e não pela legalização, há uma diferença inportante entre os dois termos. O consumo continua sendo ilegal, mas não é tratado como crime, mas sim como um problema de saúde. O resultado foi que, a partir disso, os usuários podiam procurar ajuda no sistema de saúde para tratar a sua dependência sabendo que não seriam presos. Para isso, o governo criou clínicas de recuperação compostas por diferentes especialidades médicas que oferecem o suporte necessário aos dependentes. Entre a União Européia, Holanda e Portugal possuem, atualmente, taxas de usuários e de criminalidade inferiores a de países como França e Itália, que ainda declaram guerra contra as drogas.

É claro que o Brasil é um caso à parte, pois somos culturalmente diferentes e o nosso território é muito vasto, o que dificulta o controle das drogas. Além disso, a discussão em torno do problema deve ser iniciada com a revisão das estruturas de saúde pública, que, como todos sabem, não conseguem atender nem a uma pessoa que esteja precisando realizar um exame de rotina. Sem contar a educação e a informação, também precárias e pouco acessíveis às classes mais baixas, as mais suscetíveis ao tráfico e ao consumo de drogas.

O país precisa pensar em abolir o preconceito, primeiramente, contra a maconha. Já são provados cientificamente os benefícios medicinais da erva, que é uma poderosa ajuda para combater a dor crônica, e não há nada muito eficiente contra isso até agora, segundo o neurocientista e farmacologista Daniele Piomelli, considerado um dos maiores especialistas do mundo no assunto. Além disso, auxilia a tratar diversos outros problemas como estresse, pressão alta, ansiedade, insônia, perda de apetite, cólicas menstruais, problemas intestinais, epilepsia, esclerose múltipla, parkinson e câncer, entre outras patologias.

Iniciando a mudança de pensamento em torno da maconha e a descriminalizando, o Brasil poderá focar mais no combate às drogas mais pesadas. Uma vez que o tráfico não tenha mais o monopólio da maconha, seu lucro irá cair consideravelmente, dificultando a expansão dos traficantes com o comércio ilegal de armas, por exemplo. No entanto, o país ainda precisa dar passos largos na reestruturação da sociedade, quebrar paradigmas e tratar drogado como um doente e não o enviar para a cadeia. Após alguns anos preso, ele retorna às ruas sem oportunidade de trabalho e sem ter se livrado da dependência. O que resta para esse indivíduo é voltar para onde ele veio e iniciar um novo ciclo de consumo e de tráfico, com violência, morte de pessoas inocentes e uma guerra urbana que está longe de terminar.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Trabalhadores brasileiros


É comum encontrar dentro dos ônibus que circulam pelo Rio de Janeiro vendedores de doces, que com toda a educação e a lábia, usada com muita sagacidade, proferem um discurso ensaiado e treinado com o objetivo de vender a sua mercadoria. São dois chocolates, ou dois pacotes de amendoim, ou todas as demais guloseimas oferecidas em dupla, por apenas R$1.

Motoristas e cobradores de ônibus são aliados desses vendedores ambulantes, que entram e saem dos coletivos sem pagar passagem. Tudo isso pelo reconhecimento que um trabalhador tem pelo outro e pela típica camaradagem brasileira. O motorista – que enfrenta um verdadeiro caos no trânsito do Rio – e o vendedor de doces – que enfrenta um verdadeiro caos nos diferentes ônibus lotados que entra- sabem que a vida para conseguir o pão de cada dia não é fácil.

Pois bem, observando e analisando a atuação de um desses ambulantes num dia desses, questionei o que o levou a estar ali, por volta das 20h, com o seu gancho lotado de doces. Rapidamente listei uma série de necessidades de um cidadão comum: comprar comida para os filhos, educar bem as crianças, ter um teto no mínimo decente para morar, comprar um móvel, se vestir e vestir sua família, pagar a conta de luz, a conta de água, o transporte, o remédio... Enfim, itens básicos.

O salário mínimo brasileiro, hoje, é de R$510 podendo ser aumentado para R$545. Realmente, depois desse rápido questionamento que fiz, entendi os motivos daquele cidadão e de tantos outros estarem em ônibus, praças, ruas e esquinas do nosso Brasil. Sem formação e informação o que eles conseguem nos empregos formais é essa miséria de dinheiro, que com os descontos (Sim! Não nos esqueçamos dos descontos) fica em torno dos R$400.

Não vou nem entrar no viés de que a educação pública é péssima, a saúde é precária, o transporte é deficiente e as moradias são caras. Por isso mesmo, estão ai as nossas favelas. O que vemos atualmente são pessoas que correm por onde conseguem para garantir um sustento melhor para a sua família.


Para um país ser desenvolvido, os trabalhadores precisam ganhar bons salários, para que a economia gire. Para ganhar bons salários é necessário que essa gente tenha formação. Para se ter formação é preciso que a educação pública seja boa, o que não é. Com isso, ficamos em um círculo vicioso, onde o mais prejudicado são os que não nasceram privilegiados e não possuem uma família financeiramente confortável. Alguns ainda conseguem uma bolsa do governo ou uma ajuda de instituições e, dessa maneira, conseguem mudar seu futuro.

Na semana em que o slogan “Brasil, um país de todos” foi aposentado, nossa presidente instaura uma nova frase que nos acompanhará durante os próximos quatro anos: “Brasil, país rico é país sem pobreza”. Que esse conceito não esteja presente apenas nas campanhas do governo na mídia, mas esteja presente no dia a dia e na vida de todos os brasileiros que lutam como podem para sobreviver frente à miséria que nos assola.

Como já dizia o sábio Seu Jorge em sua música "Brasis":

"Tem um Brasil que soca
Outro que apanha
Um Brasil que saca
Outro que chuta
Perde, ganha
Sobe, desce
Vai à luta bate bola
Porém não vai à escola..."

domingo, 30 de janeiro de 2011

Considerações sobre uma vida


Andando pelas ruas sente-se nostálgico, relembra tudo o que já fez parte de sua vida. Ri de situações que antes o faziam chorar, chora por momentos que o faziam rir, mas hoje já não existem mais. Em cada rua que percorre, em cada esquina, revive pessoas, sentimentos que jamais esquecerá.

Ele aprendeu que o tempo é a cura para toda e qualquer dor. Hoje, sente-se feliz consigo mesmo, pois conseguiu perdoar as pessoas e perdoar a si mesmo pelas suas falhas. Mais feliz ainda sente-se quando tem a certeza de que muitos o amam. Esboça um singelo sorriso acompanhado por uma leve emoção que enche seus olhos de lágrimas quando pensa nos que se foram. Tenham eles partido para perto de Deus ou por terem seguido outra estrada, nada é substituível e cada um deixou sua marca.

Hoje, reconhece seu valor, não implora amor... apenas oferece tudo de melhor para fazer os outros felizes. Espera, sim, de volta uma consideração, por pequena que seja, pois sempre é bom ver que suas atitudes repercutem positivamente na vida das pessoas. Nem sempre é assim, mas ele não fica chateado, sabe que cada um ama da maneira que pode e com a intensidade que acha correto. Não há como mudar isso. Sentimentos não se imploram, se conquistam.

Além disso, ele aceitou sua condição de imperfeito bem intencionado que muda de opinião, em busca da excelência e do bem comum. Ele, essa terceira pessoa, esse sujeito indeterminado, anda por ai, vive como se não houvesse amanhã e está feliz. Com o passar do tempo, mudanças vão ocorrer, novas conquistas, alegrias e tristezas, e assim a vida seguirá. A sensação nostálgica e saudosista não o abandonará, pois tudo o que falou, fez ou demonstrou até hoje foi de uma sinceridade absoluta. Amou muito, conquistou e foi conquistado. E tudo está guardado dentro do seu coração.

Por que ele fez esse desabafo? Nem ele sabe explicar. Determinadas perguntas não o cabe mais fazer. Mas, sabe que o relógio está correndo, a vida continua. Vida essa que segue um roteiro, que só pode ser escrito por ele próprio.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Faltam bom senso e organização em Itaipava

Voluntários recebem doações no Ciep de Itaipava | Foto: R7

As chuvas que devastaram a região serrana do Rio deixaram até o momento cerca de 650 mortos e 13 mil pessoas sem um teto. No último sábado, estive junto com alguns amigos no Ciep de Itaipava para levar roupas, sapatos, alimentos, produtos de higiene e para auxiliar, como voluntário, na triagem de todas as doações que não paravam de chegar.

A quantidade de roupa doada é, sem dúvida, muito grande. E conforme elas vão sendo separadas, carros e vans são abastecidos e seguem para as regiões onde ainda existem pessoas ilhadas. No entanto, como qualquer trabalho que envolva muitas pessoas sem regimento ou uma coordenação eficiente, pude constatar situações que não deveriam acontecer. Sapatos doados foram jogados no chão, formando uma pilha onde os pares não eram mais encontrados. A desorganização chegou ao ponto de voluntários cercarem o espaço para poderem procurar e separar os calçados.

Outro ponto relevante é a perda de roupas e alimentos para pessoas que não precisam dessa doação. Pois é, estão ocorrendo “furtos” de doações por pessoas que não foram atingidas pela tragédia na região. Como controlar? Há pessoas que estão cadastrando as famílias, para que possam receber os donativos, porém a quantidade de gente é enorme e não existe tempo viável para o cadastramento de todos.

Acerca dos donativos, ainda faltam alimentos e produtos de higiene. Leite para as crianças e roupas íntimas, que também estão em falta. Falando nisso, é fundamental que as roupas estejam em condições de uso. Na minha separação encontrei cuecas sujas e calcinhas rasgadas, além de roupas muito velhas e também sujas. Bom senso é a chave para que todo o processo tenha um fluxo satisfatório. Não dá para perder tempo com detalhes que não deveriam acontecer.

Um fato positivo e digno de aplausos foi a colaboração de pessoas influentes na mídia como o jogador Petkovic, que entre uma foto e outra acompanhava o trabalho dos voluntários. Quem também marcou presença em Itaipava e prestou sua solidariedade foi a atriz e apresentadora Fiorella Mattheis, acompanhada do namorado, o judoca e medalhista olímpico Flávio Canto, que coordenou muito bem diversos voluntários.

O dia terminou com chuva e com a notícia de mais um deslizamento na localidade do Brejal, onde mais pessoas teriam sido soterradas. Aos poucos os voluntários caminhavam para as suas casas e no resto da noite um número reduzido de pessoas trabalhava no local. Mais um dia, mais uma chuva, mais trabalho. Assim caminha a atual serra fluminense.